sexta-feira, 14 de maio de 2010

Brasil e países africanos estudam estratégias para combater a fome

Os três dias de conferências e trocas de experiências entre o Brasil e os países africanos poderão ampliar as frentes de trabalho contra a fome.

Daise Lisboa



Brasília – O Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, encerrado quarta-feira (12), em Brasília, pelo ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Rômulo Paes, foi considerado por ele, como mais um bom momento para o Brasil, porque o país pôde demonstrar seu crescimento na área agrícola e expressar seu compromisso com as políticas públicas de forma aprofundada, na busca pela segurança alimentar e no combate à fome.

“Foi rico o intercâmbio entre o Brasil e os países africanos”, classificou o ministro, referindo-se à troca de experiências entre o Brasil e os 30 países africanos que participaram do evento, trazendo ao Brasil 36 ministros de Estado daquele continente.

O engenheiro agrônomo David Tunga, que fez parte da comitiva de Angola, disse ao Portugal Digital e ao África21 Digital, que o encontro foi bastante positivo. “Para mim, na qualidade de técnico que trabalha na área agrária e de segurança alimentar esta foi uma iniciativa bastante louvável do presidente Lula. Acreditamos que as conclusões as quais chegamos nesses três dias vão permitir o estreitamento das ações de cooperação entre o Brasil e os países africanos”, ressaltou Tunga.

O engenheiro realçou ainda que que a partir de agora vamos [Brasil e África] poder redirecionar de uma melhor maneira as políticas sobre o desenvolvimento agropecuário e o desenvolvimento rural, assim como as estratégias de políticas de segurança alimentar.

“Saímos daqui bastante satisfeitos, porque pudemos acompanhar com bastante profundidade as apresentações feitas pelos ministros, tanto da agricultura quanto da área social e de segurança alimentar e queremos levar isto como testemunho e, sobretudo, como experiência que poderá ser replicada no desenvolvimento da agricultura, do desenvolvimento rural e ad segurança alimentar em África, em particular o nosso país, Angola”, destacou.

Embora Tunga acredite que os três dias foram suficientes para a troca de experiências, concorda com as propostas de mais encontros nesse mesmo nível. “Ficaram alguns entendimentos aqui, portanto, periodicamente, vão acontecer encontros do gênero. Entretanto, a periodicidade de outro diálogo como esse é que será discutida posteriormente”, esclareceu.

Como parte da agenda do Diálogo Brasil-África, as comitivas tiveram oportunidade de conhecer a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O engenheiro Tunga acompanhou a inauguração, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Centro de Estudos Estratégicos e Capacitação em Agricultura Tropical da Embrapa, em Brasília. “Vi de perto a sua importância e acho que é muito boa a investigação que a Embrapa desenvolve na agricultura. Penso que, em termos científicos, a Embrapa vai ser um elemento fundamental para o desenvolvimento da agricultura em África”, afirmou o engenheiro.

Compromissos assumidos

Do encontro resultaram alguns compromissos que servirão para reger as ações a serem postas em prática nos próximos meses, como expandir os programas de cooperação em execução, criar uma linha de crédito par modernizar a agricultura em países da África e da América Latina e Caribe, implementar na África dez projetos pilotos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), reforçar a assistência e capacitação técnica e a transferência de tecnologias a agricultores, e preparar estudantes africanos na Universidade Afro-Brasileira(Unilab), a criar no Brasil, com capacidade para 10 mil alunos, assim como promover a ampliação da merenda escolar nos países africanos, por meio do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), que chegará à África com uma ação já presente na América Latina e Caribe executada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação ( FAO).

Troca de experiências

Os três dias de conferências e trocas de experiências foi visto pelo ministro como um momento em que o Brasil e os países africanos ampliam frentes de trabalho contra a fome, por meio de diversos processos e programas que vão proporcionar um mundo melhor.

“Procuramos realizar um diálogo horizontal, e estamos, com isso, abrindo um novo capítulo na agricultura e na economia. Esperamos que um encontro como esse possa inspirar outras regiões do mundo, no combate à fome”, declarou. E completou: “Nossa expectativa no Diálogo Brasil-África é que ele possa revelar-se exemplo de um esforço lógico sul-sul, mas também a cooperação de agricultura entre o Brasil e a África, e as conclusões da reunião devem fornecer uma base para a manutenção e a expansão de nossa colaboração, especialmente, com o estabelecimento desse diálogo Brasil-África, que assegurem a continuidade de nosso trabalho.

No documento final, elaborado em conjunto pelos organismos participantes, com base nos princípios ampliação e coordenação da cooperação para a agricultura e segurança alimentar, consta ações concretas e propostas para seguirem adiante.

Na declaração consta que as principais áreas de trabalho definidas são:o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de agricultura e de manejo de recursos hídricos; melhoria da infraestrutura rural, comercialização de produtos agrícolas, e acesso a mercados; apoio a agricultores familiares, da produção de alimentos e combate à fome; e pesquisa agropecuária, disseminação,desenvolvimento e acesso a tecnologias.

Segundo o documento final, Brasil e África decidiram ainda buscar oportunidades para agregar valor à produção agrícola e intercambiar experiências relacionadas à segurança alimentar e nutricional e agricultura, principalmente a agricultura familiar. Por fim, a declaração estabelece a criação de uma Comissão Conjunta responsável pela coordenação de projetos de cooperação entre Brasil e África para dar seguimento aos compromissos assumidos.

Fonte: Portugal Digital

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