quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Durante jantar em Moçambique Presidente Lula anuncia investimentos no continente Africano e fala da importância da Unilab

Presidente Lula discursa durante
jantar oferecido pelo presidente de
Moçambique Armando Guebuza
Maputo, Moçambique, 09/11/2010)
Antes de embarcar para reunião do G-20 em Seul, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, dentre as diversas atividades que participou em Moçambique, foi a um jantar oferecido pelo Presidente de Moçambique, Armando Guebuza.
Durante o jantar o presidente Lula, que vai se despedindo de seu mandato onde realizou sua primeira viagem como chefe de Estado, enfatizou a importância da parceria entre o Brasil e a África “Moçambique é hoje o maior parceiro da cooperação brasileira na África”. Hoje são mais de 30 iniciativas em curso nas áreas de saúde, educação, formação profissional, esporte e ciência e tecnologia.
Segundo o Presidente a implantação de polos da Universidade Aberta do Brasil em Moçambique é outra iniciativa de grande alcance social “pois permitirá aos mais pobres o acesso à educação superior”. Completa ainda “a Universidade Aberta terá efeito multiplicador. Fomentará a educação de qualidade em todos os níveis, pois seu foco prioritário é a capacitação de professores da educação básica”.
A expectativa do presidente é que a haja um crescimento considerável na educação através da Universidade Aberta, que pretende chegar, em 2012, com 7.900 mil alunos em Moçambique. Além disso, ressaltou mais uma vez a importância da inauguração da Unilab no Brasil que está para acontecer no primeiro trimestre de 2011, na cidade de Redenção, no estado do Ceará, “onde nós queremos pelo menos cinco mil alunos africanos e 5 mil alunos brasileiros aprendendo aquilo que nós precisamos aprender para ajudar a desenvolver”. Disse. Ainda durante o dia, ele inaugurou os três polos, participou da aula magna e reforçou aos estudantes “nós precisamos discutir com muito carinho como levar esses estudantes africanos dos países de língua portuguesa ao Brasil, e não, facilitar apenas o estudo deles, e não criar as condições para que eles, chegando ao Brasil, não queiram mais voltar para Moçambique. Se isso acontecer, será um fracasso do nosso projeto de ajudar a África a se desenvolver. O investimento que estamos fazendo só tem razão de ser se esse menino e essa menina puderem aprender e voltar para a sua pátria para ajudarem essa pátria a se desenvolver, aplicar aqui os ensinamentos aproveitados nas nossas universidades”.
Outra parceria relevante se dá com o início das atividades da fábrica de antirretrovirais, o Brasil espera contribuir para combater pandemias e salvar vidas. Segundo o presidente trata-se de uma forma de crescimento da economia local e expansão da tecnologia, na qual o Brasil está contribuindo com o conhecimento e a tecnologia para que Moçambique possa ter uma política farmacêutica, além de impulsionar as políticas públicas de combate à Aids. Moçambique poderá produzir remédios para outras regiões da África e tornar-se centro de capacitação e treinamento para o todo o continente africano.
O Presidente ressaltou ainda a parceria no campo da agricultura. Em colaboração com o Japão, será desenvolvido a partir de 2011 o Pró-Savana. Essa cooperação procura reproduzir, no Norte de Moçambique, o sucesso do Programa de Desenvolvimento do Cerrado, que transformou a região central do Brasil – antes, área improdutiva – num dos principais celeiros da agricultura brasileira.
Falou ainda sobre a importância da participação nesse processo todo do empresariado brasileiro que “compartilha do nosso entusiasmo e otimismo quanto às possibilidades de Moçambique”. E, lembrou que além da participação da Mineradora Vale do Rio Doce, no projeto de extração de carvão em Moatize, outras empresas brasileiras presentes em Moçambique contribuem para o desenvolvimento da infraestrutura do país. A Camargo Corrêa participa no projeto hidrelétrico de “Phanda-Ankua”, e a Odebrecht atua nas obras no Porto da Beira. “As empresas brasileiras têm que vir aqui, sobretudo para ajudar a construir a riqueza que o povo de Moçambique precisa para se desenvolver e se transformar em uma nação forte economicamente e justa socialmente”, ressaltou o presidente e anunciou que dos US$ 300 milhões que foram acordamos como financiamento brasileiro a projetos de infraestrutura moçambicanos, os primeiros US$ 80 milhões já estão liberados para as obras do aeroporto de Nacala. O Brasil espera com isso alavancar as exportações, aumentar o número de empregos e melhorar a saúde e educação.
O presidente levantou ainda, a possibilidade de dentro das perspectivas da tecnologia avançar em direção a um padrão de TV digital comum, que proporcionará a América do Sul e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral na vanguarda do acesso democrático à informação.
Em termos de economia global o Presidente ressaltou ainda a necessidade de dar mais importância a países como a África e afirmou “a reforma das instituições globais não pode ignorar a crescente importância da África e da América do Sul. Nossas economias estão entre as mais dinâmicas do mundo e entre as que primeiro retomaram o crescimento após a crise financeira”, disse ainda, “é preciso que o Banco Mundial e o Fundo Monetário abandonem, de uma vez por todas, seus dogmas obsoletos e condicionalidades absurdas”. Referindo-se as experiências anteriores de longa data, o presidente alertou da necessidade de não voltar ao passado “ajustes recessivos acarretam recessão, desemprego e mais desigualdades sociais. A instabilidade cambial e as desvalorizações competitivas de moedas só alimentam o círculo vicioso da ação unilateral e estimulam o protecionismo em todo o mundo”. Completou.
O presidente reforça a idéia que para haver paz no mundo é preciso olhar mais para o continente africano “tenho certeza de que não pode haver paz e desenvolvimento no mundo se a comunidade internacional não se voltar para o continente africano”. O qual ele julga ter uma dívida histórica “foi com essa visão que nós viemos ao continente africano pagar uma que só pode ser paga com demonstrações de solidariedade, de compreensão e de política de compartilhamento das coisas boas que sejamos capazes de produzir, o Brasil deve muito da sua formação política, cultural e, por que não dizer, da cor e do jeito de ser de 185 milhões de brasileiros”.
Ao final do discurso Lula enfatizou “este país é um país maravilhoso” e destacou “eu não sei, ele já foi chamado de Princesa do Índico, de Rainha do Índico, ou seja, todos os adjetivos elogios possíveis Portugal fez a Moçambique quando aqui ele governava. Nós, agora, precisamos dizer o mesmo, com Moçambique livre e independente”. E, reafirmou a continuidade do trabalho com a Presidente eleita Dilma Rousseff, “ela tem os mesmos compromissos que eu tenho com a África porque ela participou, junto comigo, da elaboração de muitas das políticas que nós fizemos na África. Portanto, estejam certos de que a política do Brasil para o continente africano e para Moçambique irá continuar e irá se fortalecer”.

Acompanhe as autoridades presentes no Jantar: Armando Guebuza, presidente da República de Moçambique, Aires Ali, primeiro-ministro de Moçambique, ex-presidente de Moçambique, Chissano, Oldemiro Marques Balói, ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, presidente da Assembléia, Verónica Macamo, Embaixador Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, Cid Gomes, governador do estado do Ceará Senador Marcelo Crivella.

Fonte: Secretaria de Imprensa da Presidência da República
Foto: Ricardo Stuckert/PR

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